8.8.04

ppoetry

As palavras saíam da minha boca
fugiam as sombras
ficava o gosto a fel e a mel

O escuro trazia até mim
os longínquos sons de um selvagem concerto
animalesco, louco,
sem ritmo,
ofegante

Rugia o trovão
a tempestade amainava
Mas logo recomeçava
enquanto a chuva martelava
na velha estrada
...que não existia.

E o concerto seguia
...talvez uma orgia
sem riso nem tino
talvez o caminho
de algo divino
que acontecia

Mas o sonho acabou
o medo passou
e na boca ficou
o gosto adocicado
azedo e melado
do sonho passado.

E a dúvida cresceu: será que aconteceu?
não sei... não sei...

As palavras fugiram
vazias de sentido.
Um enorme alarido trouxe a realidade;
o quarto escuro,
o som da tempestade:
as árvores gritavam
súplicas de angústia...
as chuvas diziam
"Merda prá indústria
que nos polui!"

E o gosto na minha boca
cada vez mais forte
(parecia papel de música)
fez-me lançar injúrias contra a civilização;

E merda de sinuzite
que me entope o nariz
e me faz ter pesadelos todas as noites!

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