8.12.04

o martelo

Friedrich Nitzsche tem uma obra com um sub-título assaz interessante; é o único livro que consegui não ler até ao fim. Não me deixaram. O crepúsculo dos ídolos ou como filosofar com um martelo. É que a leitura do livro coincidiu com um período em que estive à beira de "perder a razão" (?!), e afastado de tudo o que pudessem ser influências nefastas e nefandas ao meu depauperado espírito, o desgraçado do livro lá continua na estante, memória desses tempos, sem nunca mais lhe conseguir pegar. E nem preciso. Não têm faltado por aí discípulos incógnitos que vão pondo em prática da forma mais soez e incauta os pensamentos daquele luminar do nihilismo existencialista. Mas se Nitzsche aplicava a si próprio — assumindo na sua forma de estar na vida, até às últimas consequências — o martelo do pensamento, já os seus seguidores do presente, do alto das suas cadeiras de poder em que se alçaram, impõem a outrém o pensamento do martelo... Estranha inversão, cujas consequências grandes amargos de boca nos fazem saborear...
"Sic transit gloria mundi!..."

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