23.11.04

Pançês 12

17• Um amigo meu que é pintor (e k até pinta umas coisas fixes: tenho uns quadros dele pendurados lá em casa...) disse-me uma vez que pintar é um sofrimento. Eu num percebi. O rapaz tem jeito (munto jeito), os quadros dele até são carotes, e ele vai e diz uma coisa dakelas...
Mas afinal, entendi k até é verdade. É como o pançêr: é doloroso! eu tenho-me visto e desejado para pançêr! E vai daí, fiz greve. Como greve tem feito o rapaz à pintura. Ele diz que não pinta (o k é de facto uma pena... ainda estou à espera dumas coisas saídas das mãos dele; porque vale a pena esperar, nem que sejam cinquenta anos!); e eu não digo que não pançe... mas que tenho preguiça, ai isso tanhu. E como todos temos direito à greve, tenho estado no uso do meu direito (com ocupação de instalações, bem se vê, não vá o diabo tecê-las, que com as voltas e reviravoltas que por aí andem, se volto costas ainda acabo sem lugar...).
Mas, ó Pintor, não faças greve. Sem os Pançês dum fifóloso toda a gente passa bem, mas sem os quadros de um artista o mundo fica mais feio. E incompleto.

8.11.04

Pançês 11

16• Quando a gente se põe a escrever raramente sabe o que vai sair no fim da escrita... às vezes umas mentes iluminadas lá têm uns rasgos dakilo k kerem dizer e da maneira como o kerem fazer... mas o k é certo (já o dizia um gaijo célebre qualquer, não me lembra kem) é k as palavras, mal nos saem da boca, nos deixam de pertencer. É mal nos saem da boca, do lápis ou dos dedos (sim, porque com estas coisas da escrita e da internet, já n é só àquilo que s diz, mas também àquilo k se xcreve k se aplica akela máxima e lei geral).
Os xineses têm até um ditado sobre isso; dizem k uma das coisa k nunca volta atrás é a palavra dita. Dita e desdita, nunca essa coisa andou por caminhos tão desgraçados, tão ínvios, e nunca tão maltratada foi... um exemplo é este "escrito", em k as mais elementares regras da ortografia são mandadas às urtigas. E para k? De facto, num havia necessidade... só pork me apeteceu. Porque sim!
Mais um exemplo. É k sempre aprendi k "porque sim" não é justificação para nada... Mas numa época em k a iconoclastia impera, em k as regras existem para serem kebradas, em k a lei não é mais do k uma palavra, sinónimo de algo ao qual todos nos deveremos esforçar por ser avessos, em k até a anarkia n passa já de um ideal balofo, bafiento e malxeiroso dos antros de antanho, o "porque sim" passou a poder justificar tudo e mais alguma coisa.
A prova? basta olhar à nossa volta, e os "porque sim's" sucedem-se a um ritmo avassalador por todo o lado onde pousemos os olhos ou os ouvidos...

3.11.04

Pançês 10

15• São feias e dão voltas e revoltas na língua... Mas que aliviam, aliviam! Falo daquelas palavras que fazem parte da linguagem dita vulgar, mais vil que o calão, mas que todos sem excepção aprendem e soltam nos momentos mais delicados da sua (nossa) existência. Há quem lhes xame "palavrões", há quem lhes xame asneirada, e outros ficam-se pelo boçal - mas, sem dúvida, mais eloquente - epíteto de "caralhadas". E quem não as deu já, que solte a primeira... vai ver como o mais sombrio dos dias se ilumina repentinamente, a lancinante dor se alivia instantaneamente, ou o mais idiota dos indivíduos se transforma num refinado humorista. Qual bálsamo da cobra, qual mésinha das bruxas! basta abrir a boca e deixar sair o som aviltante da palavra impronunciável (eu sei k se diz "inefável"... mas asneira por asneira, deixem-me lá dar mais uma!) e tudo se resolve, tudo se soluciona. Razão têm nuestros hermanos: "... que las hay, las hay!"