20• Naquelas colmeias humanas, fruto do ganância empreendedora (?!) de acimentar o que nos rodeia, tudo é possível.
Em certo cubículo, vegeta alguém que tem a forte convicção que é e não é. Ora é tudo, e faz tudo, ora se deixa atravancar pela mais mesquinha das mediocridades e se afunda num pseudo nihilismo personalista que o leva a manhãs, tardes e noites de embotamento dos sentidos e embasbacamento do espírito, um dolce far niente que a lado nenhum leva... a não ser ficar envolto nos cobertores surrados duma modorra sem nome, nem sentido, e muito menos razão. Apenas porque sim.
Na colmeia ao lado vive o inverso: a diligência activa, a certeza da vida contada ao microssegundo, na impossibilidade de se perder seja o que for de uma aventura que se possa realizar, seja ela programada, ou se venha a encontrar no imprevisível instante que passa. Tempos mortos? Não há: da faculdade ao part-time, do ginásio ao cinema, do café à casa dos amigos, do bar à cama, todo o tempo é um vórtice de sensações e de acções.
Um tem as suas depressões e o psiquiatra; o outro tem o namorado e os amigos.
Mais um Carnaval!
5 years ago